O contexto da pandemia causou um impacto limitante para a inovação e a competitividade organizacional, bem como para o desenvolvimento de lideranças. O impacto foi particularmente mais severo naqueles lugares em que o corte de gastos e diminuição do quadro de funcionários foi maior. Assim, pensar os cuidados integrados de saúde tornou-se fundamental do ponto de vista do trabalhador e isso inclui pensar a vida dentro e fora das organizações.
Em muitos países existe a interdependência entre os setores público e privado no que tange aos cuidados com saúde e assistência da população e dos trabalhadores em geral. Assim, cada organização se colocou diante de um cenário até então desconhecido, de mudanças profundas na rotina, a entrada massiva do home office na vida das pessoas, a paralisação de alguns serviços e principalmente, o enfrentamento de uma crise global, que ainda impacta a saúde física e mental dos indivíduos.
Logo, a pergunta que se faz necessária é “como lidamos com esse cenário”? levando em consideração que o resultado da pandemia da COVID-19 é uma oportunidade dupla para aproveitar a força da mudança e do trabalho colaborativo, juntamente com a luta pelo bem comum, e também para fornecer um propósito claro e um sentido de urgência para a vida social, da qual a cultura organizacional é um reflexo.
Um ponto importante que gostaria de ressaltar é a modificação do papel da liderança, que neste novo cenário necessita ser descentralizado e inovado. O que tem se pensado modernamente são as características da liderança multinível necessárias para apoiar os cuidados integrais de saúde em nível macro, meso e micro. O primeiro se refere ao contexto político global de nível macro, ou seja, o ambiente maior no qual está inserida a organização e a cultura do lugar. O segundo, o nível meso, se refere ao comportamento e a cultura organizacional, que muitas vezes se relaciona com o espaço social maior. Por último, o nível micro, dos líderes e gestores individuais. Novas formas de governação exigem uma liderança que atribua responsabilidades não apenas dentro das organizações e estruturas, mas entre elas, promulgada por todos os envolvidos na criação e na produção de serviços de saúde.
A liderança não é mais sobre o líder, mas mais sobre o que pode ser realizado através da liderança. Neste cenário, ela é co-construída pelos atores por meio do trabalho de liderança para alcançar um resultado distinto e colaborativo para desta forma, ajudar a concretizar o potencial deste sistema de governação que relacione os níveis macro, meso e micro. A organização inovadora precisa conversar com seu tempo e estar atenta às necessidades das pessoas mas também do território na qual está inserida.
Profa. Dra. Karla Cristina Rocha Ribeiro
University of Marília
karla.ribeiro@unimar.br
Leitura Adicional:
Moore, J., Elliott, I.C., & Hesselgreaves, H. (2023). Collaborative Leadership in Integrated Care Systems; Creating Leadership for the Common Good. Journal of Change Management. Advanced online publication. ttps://doi.org/10.1080/14697017.2023.2261126